sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

"dedicação total pra fazer você feliz, só no ponto tem."

Quem está ligado nos movimentos de mercado já sabe que esta manhã foi anunciado um Fato muito Relevante para o varejo nacional: A associação da líder do mercado de varejo de eletro-eletônicos, as Casas Bahia com o Ponto Frio, por movimento capitaneado pela CBD (Grupo Pão de Açúcar) através de sua subsidiária Globex Utilidades.

Complicado? Noves-fora é isso: O Grupo Pão de Açúcar "compra" a operação de varejo das Casas Bahia, faz a fusão operacional com o Ponto Frio e torna-se o maior varejista brasileiro com mais de 1800 lojas e faturamento acima dos 40 bilhões de reais. Desses, 18 bilhões e 1015 lojas serão dedicadas exclusivamente ao varejo de bens duráveis (Nova Casas Bahia+PontoFrio+ExtraEletro). Torna-se o maior empregador privado nacional. Sem contar que nasce um gigante do comércio eletrônico, a Nova Pontocom* para competir com B2W (Americanas.com+Submarino)

Em uma rápida análise dos resultados dessa fusão operacional - se confirmada por acionistas e validada pelos órgãos anti-truste nacionais - tiro algumas conclusões:

i. O Grupo Pão de Açúcar consolida-se como o maior player de varejo brasileiro todos-segmentos e estabelece definitivamente a barreira de entrada, principalmente no setor de bens duráveis (eletro-eletônico e móveis), para qualquer ambição externa de chegar no nosso hoje cobiçadíssimo mercado interno. De desafio para este grupo, apenas a consolidação no Norte-e-Nordeste brasileiros ainda muito na mão de redes regionais como Insinuante/NE e Yamada/N.

ii. A Globex (que juntará a Nova Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro) terá a escala para brigar por qualquer mercado na América Latina e seu caminho deve ser rapidamente o estabelecimento de operações em mercados como México, Chile e Argentina que hoje tem seus players locais muito debillitados pelo efeito da crise "além-mar-e-terra". Deve ser o caminho natural para o crescimento. Acho que não mais ouvirermos arroubos de mexicanos e chilenos querendo entrar em nosso mercado (vide Elektra, Coppel, entre outros). Agora eles terão que se defender.

iii. Os antigos controladores das Casas Bahia ficarão com assento no Conselho de Administração da nova empresa, serão responsáveis pela Direção da Operação resultante e também serão os maiores "senhorios" do varejo nacional alugando os imóveis próprios para a Globex assim como o maior fornecedor de móveis para o grupo através dos Móveis Bartira que será exclusivo do grupo.

Destes três pontos, vejo impactos basicamente sobre setores que deverão ser atingidos em curto prazo:

a) Óbvio: toda cadeia de produção e fornecedores de eletro-eletrônico terá que se adaptar a esta nova realidade de negociação.

b) A indústria moveleira, hoje muito pulverizada em médios fabricantes, terá o maior impacto negativo pois se já tinham dificuldade de entrar nas Casas Bahia que tinha sua própria fábrica perdeu o vice-líder como principal parceiro comercial. Vislumbro que a saída possível para estas empresas é mudar o padrão de produtos e inovar na busca de mercados externos.

c) Bancos e Crédito Direto ao Consumidor. Ainda ninguém comentou mas tem um aspecto interessante nesta fusão, o Bradesco tem hoje a Carteira de Crédito das Casas Bahia e o Itaú-Unibanco a carteira do Ponto Frio. Como ficará isso? Acho que nem eles sabem ainda pois o desdobramento vai impactar sobremaneira os negócios financeiros dos dois maiores grupos financeiros que brigam pela liderança nacional no setor de bancos privados.

Se será bom ou não para o consumidor o tempo dirá. Ainda é cedo para avaliar e dependerá dos outros players (WalMart, Carrefour, B2W, etc). Só sei que este movimento mostra que o mercado brasileiro está em um ritmo de profissionalização impressionante e que as Casas Bahia foi inteligentíssima no processo de abertura de capital que era inevitável para crescer pois foi atrás de quem já conhecia do riscado, o Grupo Pão de Açúcar. E que o mercado interno brasileiro é sim a menina dos olhos do momento, que o diga o grupo francês Cassino.

A ILIMITAT reconhece este novo movimento de mercado como sinal de que seus clientes, pequenas e médias empresas, devem buscar esta profissionalização em ritmo acelerado. Auxiliamos com o estabelecimento de estratégias e metodologias comerciais compatíveis com estes novos requisitos de negócio para o mercado interno ou na abertura de novos mercados.

NOTA: o título desse post é de autoria do meu amigo Jaime Agostini, o maior redator de varejo que conheço. Apesar de baixinho. 'Marrento', já passou dos mil cartelados há muito tempo e fica a homenagem.

PIADINHA: Paul Krugman diria o bordão do Zagallo no Globo Esporte? "Aí sim fomos surpreendidos novamente" dois dias depois de falar que o Brasil é a bolha do momento? Sobre isso falaremos depois. Mas que gostaria de perguntar se ele tem CBD na carteira que ele disse que ia vender ah eu gostaria!

* Quem criou esse nome? Muito ruim! Traz todo o passado de bolha pontocom da década de 90. Jaime e eu poderíamos fazer melhor! Nível "Cielo", por sinal, arrisca ser a mesma pessoa.

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